Pular para o conteúdo principal

Dilma: "Quem dá voz à história somos nós"

Linha fina
Ao lembrar 50 anos do golpe, presidenta afirma que recordar derrubada de João Goulart é uma obrigação do país com todos aqueles que morreram e desapareceram
Imagem Destaque

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff aproveitou discurso no Palácio do Planalto para recordar que neste 31 de março, há 50 anos, o país sofria um golpe de Estado. No marco das celebrações pela história da deposição de João Goulart, ela reiterou a necessidade de resgatar o passado e contar a história do país de maneira adequada para garantir a construção da democracia brasileira.

“O dia de hoje exige que lembremos e contemos o que aconteceu. Devemos isso a todos que morreram e desapareceram, aos torturados e perseguidos, a suas famílias, a todos os brasileiros. Lembrar e contar faz parte de um processo muito humano, desse processo que iniciamos com as lutas do povo brasileiro, pela anistia, Constituinte, eleições diretas, crescimento com inclusão social, Comissão Nacional da Verdade, todos os processos de manifestação e democracia que temos vivido ao longo das últimas décadas. Um processo que foi construído passo a passo, durante cada um dos governos eleitos depois da ditadura”, afirmou a presidenta da República.

"A grande Hanna Arendt escreveu que toda dor humana pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história. As cicatrizes podem ser suportadas e superadas, porque hoje temos uma democracia, podemos contar nossa história. Nesse Palácio, dois anos atrás, quando instalamos a Comissão Nacional da Verdade, eu disse que se existem filhos sem pais, pais sem túmulos, nunca mesmo pode existir uma história sem voz. E o que dará voz à história são os homens e mulheres livres sem medo escrevê-la. Quem dá voz à história somos nós", acrescentou.

> Áudio: ouça a fala de Dilma sobre os 50 anos do golpe

Dilma Rousseff participou da resistência ao regime militar e permaneceu presa por quase três anos, período em que foi vítima de constantes torturas.

Durante a assinatura de contrato para a construção de uma ponte sobre o rio Guaíba, em Porto Alegre, Dilma afirmou que o Brasil aprendeu o valor da liberdade, o que significa ter poderes independentes e ativos, contar com liberdade de imprensa e voto secreto. Ela citou sua própria eleição, de uma mulher que resistiu ao regime, como exemplo do funcionamento da democracia brasileira, cujo vigor teria sido demonstrado também pela eleição de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, um ex-operário.

Comissão da Verdade - Criada por Dilma em maio de 2012, a Comissão Nacional da Verdade emitiu nota na qual critica o legado deixado por 21 anos de regime autoritário e se defende de críticas sofridas desde o debate em torno de sua criação, reforçados nos últimos dias por grupos favoráveis à atuação dos militares que comandaram o Executivo.

“Esteia-se na certeza de que o esclarecimento circunstanciado dos casos de tortura, morte, desaparecimento forçado, ocultação de cadáver e sua autoria, a identificação de locais, instituições e circunstâncias relacionados à prática de violações graves de direitos humanos, constituem dever elementar da solidariedade social e imperativo da decência, reclamados pela dignidade de nosso país. Não deveria haver brasileiro algum ou instituição nacional alguma que deles se furtassem sob qualquer pretexto”, diz o comunicado, que afirma ainda que o Brasil, ao se confrontar com a herança do golpe, é claramente outra nação.

“O país se renovou, progrediu e busca redefinir o seu lugar no concerto das nações democráticas. Não há por que hesitar em incorporar a esta marcha para adiante a revisão de seu passado e a reparação das injustiças cometidas. Pensamos ser este o desejo da maioria. É certamente o sentido do trabalho da Comissão Nacional da Verdade.”

Leia mais
> Ditadura militar: lembrar para não repetir
> Debate registra homo e transfobia da ditadura
> No 'centro de extermínio', ato repudia golpe
> Brasil percebe pouco vantagens da democracia
> SP cria centro para identificar ossadas de Perus
> Cordão da Mentira sai às ruas para repudiar ditadura
> Bancários foram às ruas logo após o golpe de 1964


 Rede Brasil Atual, com edição da Redação - 31/3/2014

seja socio

Exibindo 1 - 1 de 1